quarta-feira, 2 de maio de 2012

LUCK, O CÃO PASTOR CORAJOSO

Erick, um garoto de 10 anos, e sua família vivia em uma região montanhosa da Alemanha conhecida como Schwarzwald (pronuncia-se chuatizlaid). É uma floresta muito linda e o maior especie de árvores que existe ali são os pinheiros. Como esta árvore é muito alta e sua copa bem grande, a floresta é bastante fechada, tornando-se escura mesmo durante o dia. E a noite é quase impossível enchergar o que está a frente. Por este motivo ela é chamada Schwarzwald que significa Floresta Negra.


A irmã e de Erick, Natasha, tinha 08 anos e os dois eram muito amigos.

Erick e Natasha possuiam um lindo cão pastor, que nós aqui conhecemos como pastor alemão, e ele era realmente um amigão das crianças. Seu nome era Luck. E onde estavam as crianças ali também estava o Luck.

O papai de Erick e Natasha era relojoeiro e fazia lindos relógios cuco. Inclusive esta região é reconhecida no mundo todo como o lugar onde se fazem os melhores e mais bonitos relógios cuco.

A mamãe de Erick cuidava da casa, do papai e dos filhinhos. Ela fazia um bolo de chocolate delicioso. E as crianças amavam comê-lo com leite bem geladinho. Vocês sabiam que o bolo conhecido mundialmente como Schwarzwald (Floresta Negra) é em homenagem a esta região da Alemanha?

A casa onde Erick e sua família moravam relativamente longe do vilarejo (cidade) mais próximo.

Uma das tarefas de Erick e Natasha era ajudar o papai a juntar troncos, galhos e gravetos de árvores para aquecerem a casa e abastecer a lareira e o fogão a lenha. Eles faziam isto durante o verão e o outono para que quando chegasse o inverno, eles tivessem bastante lenha armazenada porque cai neve naquela região e fica muito, muito frio. Há lareira em diversos cômodos da casa e o fogo fica aceso durante o dia todo pra mantê-la aquecida.

Quando Erick e Natasha saiam para catar gravetos e galhos, quem sempre os acompanhava? “ Luck“ (isto mesmo) o cão pastor. Eles escalavam as montanhas e corriam por toda parte, pra todo lado.

Os meninos também frequentavam a escola, assim como vocês. E quando as crianças iam à escola, lá também ia Luck acompanhando-os e esperava na porta até as aulas terminarem. Então acompanhava as crianças de volta para a casa. Era um verdadeiro cão de guarda. Quando chegavam em casa, brincavam bastante até que a mamãe os chamassem para o jantar. Luck era um verdadeiro amigo.

Chegou o inverno. E com ele as nevascas (nevada acompanhada de temporal) os meninos não iam à escola. Era muito perigoso se perderem durante a nevasca e morrerem congelados. Portanto, nestes dias, eles ficavam em casa aquecidos pelo calor da lareira.

Durante o inverno o dia ficava mais curto e a noite mais longa ao contrário do verão.

As crianças agora saiam raramente de casa. Mas quando o tempo melhorava eles brincavam com Luck na neve. Faziam bonecos de neve, atiravam neve uns nos outros... eles se divertiam bastante. E Luck ficava ali com eles latindo, pulando e correndo de um lado para o outro.

Um dia, porém, aconteceu um acidente muito grave. No final da tarde o papai achou um pedaço de madeira e resolveu corta-lo. Afinal, lenha nunca é demais naquela época do ano. Quando ele golpeou a madeira com o machado, uma lasca veio em direção a sua perna e causou um ferimento profundo. Doeu, sangrou muito... O papai arrancou a lasca e limpou o ferimento o melhor que pôde. Fez um curativo, mas ele sabia que precisava de cuidados médicos. Porém a cidade mais próxima ficava longe dali e naquele dia o papai ouviu o noticiário local e soube que haveria nevasca. Não havia possibilidade da família se dirigir a cidade no momento. Como já estava escurecendo, resolveram esperar até que o dia amanhecesse e o tempo melhorasse.

Naquela noite nevou muito e no dia seguinte a estrada estava tomada pela neve. Havia neve em volta da casa. Era impossível saírem com o carro da família.

A esta altura, o ferimento na perna do papai estava muito dolorido. Começou a inflamar e o papai teve febre. Então a mamãe disse para os meninos:

- Filhinhos eu sei que o que eu vou pedir para vocês é algo muito difícil, mas é a única solução para ajudarmos o papai. Vocês irão até a cidade e vão pedir ajuda aos nossos amigos e trazer o médico para examinar o papai. Peguem a trilha da floresta porque o caminho é mais curto e vocês chegarão antes do anoitecer. Digam exatamente o que aconteceu e eles saberão o que fazer. O Luck irá com vocês. E eu ficarei aqui cuidando do papai e orando para que Deus os proteja e e envie seus anjos para guardarem vocês.

E assim eles fizeram. Colocaram os agasalhos, vestiram suas luvas, gorros e as botas de andar na neve, pegaram um lanche e um chá bem quentinho para tomarem no caminho e ajudá-los a manterem-se aquecidos. Também pegaram uma lanterna, caso precisassem, e a mamãe colocou uma manta na mochila. Oraram pedindo a proteção de Deus, a mamãe lhes deu um beijo e uma abraço bem apertado e eles sairam em direção a trilha da floresta. Eles tinham pouco tempo de claridade para caminhar e precisavam aproveitar cada minuto. O sol, no inverno, se põe mais cedo e como a floresta era bem fechada era quase impossível caminhar no escuro.

Foi muito, muito difícil caminhar sobre a neve. Em alguns lugares a neve estava tão fofa que eles afundavam os pezinhos e era complicado tirá-los dela. Eles andaram o dia todo e estavam muito cansados. Logo estava escurecendo. Erick ia puchando Natasha pela mão. Luck ia à frente como que guiando os meninos.

E Erick dizia:

- Vamos Natasha, vamos mais rápido. Logo vai escurecer e precisamos chegar na cidade antes do por-do-sol.

E Natasha se esforçava para caminhar o mais rápido que podia até que ela deu um grito de dor e caiu no chão. Erick parou e perguntou o que estava acontecendo. Natasha disse-lhe que havia torcido o pé e não conseguia mais andar.

Erick ficou horrorizado! Ele não sabia o que fazer. Tirou sua bota e massageou-lhe o pezinho. Tentou colocar a irmãzinha em pé, mas ela não aguentava firmar-se sobre o pé machucado. Então ele teve uma idéia. Carregou Natasha até umas árvores próximas, para se abrigarem do vento forte, colocou sobre ela a manta que a mamãe lhe dera e disse para Luck:

- Luck, agora eu só tenho você para me ajudar. Não posso deixar a Natasha aqui sozinha e nós não podemos passar a noite aqui na floresta porque logo vai escurecer e ficar muito mais frio. Opapai também precisa de ajuda. Você precisa buscar o médico.

Erick tirou uma folha de papel e uma caneta da mochila, fez um bilhete para o médico dizendo o que estava acontecendo, tirou o cadarço do capuz do seu casaco, amarrou o bilhete nele e prendeu-o no pescoço do Luck. E disse ao seu cãozinho:

- Luck vá procurar ajuda. Vá Luck . Vá até a casa do médico e entregue-lhe o bilhete.

Erick e Natasha abraçaram Luck e ele saiu em disparada em direção a cidade.

Já era noite quando Luck chegou na casa do médico e começou a arranhar a porta com suas patas e a latir bem alto chamando a atenção de todos. O médico reconheceu Luck, começou a brincar com ele achando que logo em seguida veria seus amigos e os meninos. Olhou para um lado da rua, olhou para o outro lado, não viu o Erick, não viu a Natasha, nem o papai e a mamãe deles. Percebeu que alguma coisa estava errada. Luck estava sozinho e não queria brincadeiras. Ele corria até a varanda, olhava em direção a floresta, latia e voltava esfregando seu pescoço nas prernas do médico. Fez isto várias vezes e médico lhe perguntava:

- O que foi amiguinho, por que você está tão agitado? Eu não entendo1

Foi ai que o médico percebeu que ele tinha algo amarrado em seu pescoço. Pegou o papel, leu e entendeu tudo o que estava acontecendo. Imediatamente pegou sua maleta, colocou dentro dela ataduras, esparadrapo, remédios que iria precisar, chamou alguns visinhos e disse-lhes o que estava acontecendo. Em pouco tempo prepararam o carro, colocaram correntes nos pneus (especiais para andar na neve) e agora estavam prontos para pegarem a estrada.

Luck foi correndo na frente do carro e os guiou até o lugar onde estavam Erick e Natasha. Encontraram os meninos embaixo da manta abraçados, bem juntinhos e tremendo de frio. Estavam gelados! A neve começando a cair novamente. O médico enfaixou o pezinho da Natasha, colocou os irmãozinhos no carro e em seguida se dirigiram para a casa das crianças.

A viagem foi difícil, mas eles conseguiram chegar a tempo de ajudar o papai. O médico deu os remédios certos para ele e logo a febre foi baixando e o papai começou a se sentir melhor. Ele também limpou e costurou o ferimento na perna do papai e quando tudo estava mais calmo eles abraçaram Luck e agradeceram a Deus por terem um cãozinho tão inteligente e corajoso que salvou a vida do Erick, da Natasha e do papai também.

Moral da história: devemos tratar bem os animaizinhos que Deus criou para nos fazer companhia, alegrar a nossa vida e nos ajudar nos momentos difíceis. Eles são nossos amigos e precisam de carinho, proteção e cuidado. Nunca devemos maltratá-los ou permitir que outros o façam.

Se Erick e Natasha não tivessem alimentado direitinho o Luck, não tivessem da água...será que ele se tornaria forte o suficiente pra correr na neve e ajudar os meninos? – Não, claro que não.

Se Erick e Natasha deixassem Luck o tempo todo preso, enjaulado, será que ele saberia pra que lado ficava a cidade e conheceria a casa do médico? – Não, claro que não.

Luck acompanhava os meninos, conhecia os amigos deles, conhecia o caminho até a cidade e por isto foi capaz de ajudá-los no momento em que mais precisavam.

Por Viviane Câmara Constantino Woerle